N.º 2 - 8 de Outubro de 2004

   

Adesão da Turquia em debate no Parlamento Europeu

Os eurodeputados do PS participaram esta semana numa sessão especial da Conferência de Presidentes do Parlamento Europeu, no decurso da qual a Comissão Europeia deu a conhecer a sua recomendação sobre os progressos realizados pela Turquia no sentido da abertura de negociações de adesão à UE. Perante os europarlamentares, em Bruxelas, o ainda Presidente da Comissão, Romano Prodi, anunciou que as reformas levadas a cabo nos últimos anos pelo Governo turco permitiram àquele país cumprir suficientemente os chamados critérios de Copenhaga, sendo por isso recomendada a abertura de negociações com vista à entrada na UE - a decisão final terá agora de ser tomada pelos Chefes de Estado e de Governo da União no próximo Conselho Europeu de Dezembro. Todavia, segundo Prodi, o objectivo da adesão não está garantido de antemão, dependendo de factores como o prosseguimento de um amplo processo de reformas e a implementação e consolidação de legislação em determinadas áreas chave, condições cujo cumprimento terá ainda de ser confirmado durante um largo período de tempo. Já em nome do Grupo Socialista no PE, o seu Presidente, Martin Schulz, saudou a proposta da Comissão Europeia e sublinhou o apoio dos Socialistas Europeus à abertura das negociações de adesão com a Turquia, referindo que tal não deve significar, no entanto, a garantia de uma entrada automática do país na UE. Mas com a Turquia, lembrou Schulz, "a Europa tem uma boa oportunidade de reforçar valores comuns e de criar unidade e paz".

   

Socialistas Portugueses avaliam candidatos a Comissários

As audições aos Comissários indigitados para o futuro elenco da Comissão Europeia prosseguiram esta semana em Bruxelas, junto das Comissões Parlamentares do PE, com os eurodeputados do PS a assumirem um papel de primeira linha na formulação de perguntas sobre as prioridades para áreas como a Política Externa e o Alargamento, a Justiça e os Assuntos Internos, o Comércio Internacional, a Fiscalidade e os Assuntos Económicos e Monetários. Francisco Assis questionou Peter Mandelson (Reino Unido - Comércio) sobre as medidas que poderão ser postas em prática para evitar o potencial declínio da indústria europeia do têxtil e do vestuário após a abolição das quotas de importação impostas a países terceiros. Ana Gomes quis saber de Olli Rehn (Finlândia - Alargamento) que iniciativas irão ser tomadas para que o controlo da produção e da exportação de armas venha a ser reforçado e assegurado nos países candidatos à adesão e ainda para garantir que esses países contribuam eficazmente na luta contra o terrorismo internacional; a Benita Ferrero-Waldner (Áustria - Relações Externas), a eurodeputada colocou a questão de virem ou não a ser empreendidas acções mais visíveis para persuadir os EUA a mudarem a sua posição de recusa do Tribunal Penal Internacional e a deixarem de pressionar outros países a rejeitarem a jurisdição daquele tribunal. Já perante Ingrida Udre (Letónia - Fiscalidade e União Aduaneira) Manuel dos Santos alertou para o problema da agressividade da concorrência fiscal na tributação sobre as sociedades, que poderá ter efeitos nocivos em excesso ao nível do mercado interno, provocando deslocalizações injustificadas, evasões e fraudes fiscais e desemprego. A António Costa coube pronunciar-se sobre o candidato ao pelouro até agora ocupado por António Vitorino, o italiano Rocco Butiglione (Justiça e Assuntos Internos). Após a audição a este Comissário indigitado, o Presidente dos Socialistas Portugueses no PE declarou que irá defender junto do Grupo Socialista uma "avaliação negativa do candidato", uma vez que o Comissário da Justiça e Assuntos Internos "não pode ser um membro do Governo de Sílvio Berlusconi, que procurou travar a criação do Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça".

   
   
   

Eurodeputados socialistas interrogam Comissão Europeia sobre caso de discriminação de estudante português em Espanha

O caso de um estudante português que viu a sua média final de curso (16 valores a Enfermagem) ser equiparada ao valor de 1 (numa escala de 0 a 4) no âmbito do processo de candidatura a uma Universidade espanhola motivou uma pergunta escrita dos eurodeputados do PS à Comissão Europeia. Por iniciativa de Paulo Casaca e Jamila Madeira, os socialistas portugueses pediram explicações para a evidente desigualdade de tratamento neste caso, considerando que "a equivalência de um 16, numa escala de 0 a 20, não poderá de maneira nenhuma saldar-se por um 1 na escala espanhola". A mobilidade dos estudantes na União Europeia é "um dos temas mais caros à Comissão" e existem vários programas e instrumentos, como a Declaração de Bolonha, que visam promover "a construção de um espaço europeu de ensino superior que promova essa mobilidade", acrescentam os eurodeputados do PS, insistindo para que a Comissão Europeia tome medidas urgentes "de incentivo à coordenação das acções em matéria de cooperação entre os Estados-Membros", por forma a evitar a repetição de desfasamentos como o da situação descrita.

   

Emanuel Jardim Fernandes autor de Paracer sobre o combate à criminalidade nos transportes internacionais

A introdução de novas medidas à escala europeia que permitam combater mais eficazmente a criminalidade nos transportes internacionais (roubo e furto de veículos e respectivas mercadorias) é a matéria objecto do Parecer que o Deputado Emanuel Jardim Fernandes apresentou, ontem, à Comissão de Transportes do PE. Partindo de uma proposta de Decisão do Conselho avançada pela actual Presidência neerlandesa, Jardim Fernandes sugere para esta área a utilização de suportes informáticos nos sistemas de matrícula de veículos que sejam partilhados entre Estados-Membros - o sistema de papel até agora utilizado dá facilmente azo a casos de falsificação - nomeadamente com o recurso ao próprio Sistema de Informação de Schengen. Para além de uma melhor cooperação ao nível das autoridades policiais e judiciais, o eurodeputado propõe ainda a criação de parques de estacionamento protegidos e vigiados para os veículos em trânsito e sublinha a necessidade de uma maior atenção à formação dos motoristas de pesados, sobretudo na vertente da prevenção dos furtos e da criminalidade.

   

Edite Estrela pediu esclarecimentos acerca do número de funcionários portugueses na União

A Deputada Edite Estrela pretende saber quantos funcionários portugueses estão em desempenho de funções nos diferentes serviços das instituições comunitárias, de modo a poder averiguar se Portugal está ou não a ser prejudicado no preenchimento desses lugares. Numa pergunta escrita dirigida à Comissão Europeia, a eurodeputada salienta que "com o Alargamento da União, a política de recrutamento de funcionários sofreu algumas alterações, passando a privilegiar-se a admissão de pessoas oriundas dos novos Estados-membros", situação que leva a que muitas listas de reserva estejam a ser anuladas e a que se recorra à contratação de agentes temporários, em detrimento dos candidatos que fizeram os seus testes - "com tudo quanto isso implica de esforço e de expectativas agora inúteis". Além disso, sublinha Edite Estrela, "os funcionários portugueses têm estado, no passado, em número inferior ao das possibilidades de ocupação de lugares existentes". É preciso determinar, nessa medida, se os portugueses "estão ou não a ser desfavorecidos" em relação a cidadãos de outros Estados-membros e saber qual a explicação "para haver uma preferência" por agentes em detrimento de funcionários, cujas exigências a nível de competências são mais rigorosas.